quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Check list

Preciso de renovação
Parar o mundo por instantes
Esvaziar coração e mente
Zerar o cronômetro interno
Alinhar os tempos perdidos
Arrumar as gavetas de roupas amassadas
Organizar a papelada espalhada pela mesa
Tirar o pó das prateleiras
Jogar fora os lixos esquecidos pelos cantos
Remendar as roupas rasgadas
Tomar um banho demorado
Reobservar os quadros das paredes
Encontrar as fotos perdidas
Ouvir as músicas da juventude
Descobrir as rachaduras no teto
Ouvir o respirar pulsante
Ver o balanço do vento
Sentir a cor do céu
Fechar os olhos sem receio
E, estando bem, sorrir.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Saudade minha

Odeio quando a saudade chega assim, sem mais nem menos, me fazendo apertar os olhos tão fortemente que lagrimas correm descontroladas pelo meu rosto sem saber onde arranjar conforto.

Não são raras as horas em que me encontro assim. A saudade domina o corpo e a mente, e de repente tudo se torna coadjuvante em sua dor. Basta fechar os olhos e se lembrar daqueles que fazem com que seus olhos brilhem, e pronto, nada mais importa.

É estranha essa sensação, parece um ataque cardíaco que vem do nada acelerando os batimentos e apertando o peito com uma força sem igual que faz com que quase se perca do fôlego. É como estar à beira de um abismo com a vertigem da altura e um vento encorajador que puxa qualquer pensamento ou desvio para baixo sem permitir opção. É a vontade quase que incontrolável de permanecer no fundo da água fresca e cintilante, de olhos abertos vendo o mundo de fora como uma simples mistura de cores fantásticas, mesmo sabendo que nada é realmente aquele sonho, e que sua vida depende de um ar que não te permite ficar. É uma impulsividade louca de destruir tudo ao redor, largar todas os compromissos, ignorar o orgulho, correr sem destino, e finalmente abraçar aqueles tão queridos deixando com que o coração finalmente respire.

A saudade é uma grande angústia, dolorosa e gratificante, uma parte do verdadeiro amor. Não se sente saudade de qualquer pessoa, a saudade é a maior prova que se pode ter de o quanto alguém é importante, não importa quantas décadas, anos, dias ou horas sejam necessárias para que ela apareça, quando aparece não pode ser fingida, é o mais puro e honesto sentimento. A saudade é a melhor e a pior coisa do mundo.

Saber que se ama traz um imenso conforto e alegria, mas a dor da falta a acompanha em igual grandiosidade, afinal nada pode ser perfeito, a dor nos faz sentir vivos, e nos prova a todos os instantes que a vida é mais do que um breve sonho, é bem maior do que tudo isso.

Então que venha essa dor estranha, me lembre sempre de quem eu sou e daqueles que me formam, encha o meu coração de aperto e calor ao relembre das histórias e aventuras que me acordam dolorosamente da rotina e me lembram de quanto importante essa vida é.

Malas prontas, é hora dos abraços.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pronto! Decidido! Vou criar um blog!


Eis uma das decisões mais burramente difíceis que já tomei. Parar tudo por instantes e tirar de mim todo esse peso de pensamentos, ideologias e confusões que lotam a minha cabeça.

Há mais de um ano me falam para fazer isso, mas eu, teimosa e cabeça dura como sempre, me colocava a refletir “Qual a relevância de uma pessoa como eu ter um blog? Quem gastaria seu precioso tempo do dia-a-dia para se jogar em meus devaneios?”, se for parar pra pensar talvez não faça mesmo muito sentido.

Não sou a pessoa mais ligada no mundo dos acontecimentos e inovações, nada de megatendencias, descobertas incríveis e achados raros, só o simples e básico, nada que um bom e velho Google não resolva. 

Não sou uma teórica, nem dedico boa parte do meu tempo a grandes pensamentos e questionamentos sobre a vida, morte e existência, guardo essas reflexões com o maior carinho exclusivamente para aquelas boas horas de bar, e olha que daí já rendem boas análises, mas nada que valha uma publicação, e se bobiar, nem mais do que 2 horas de cervejinhas e discussões.

Não sou a pessoa mais entendida de política nem sociedade, embora tenha dedicado alguns anos do auge de minha juventude revoltada a assuntos polêmicos e passeatas sem sentido, ainda me tropeço facilmente em minhas próprias contradições políticas, e no fim de tudo, acabo me descobrindo uma boa sabedora de nada, definitivamente, não sou eu quem vai mudar o mundo.

Não sou uma artista, mesmo após milhões de tentativas frustradas em todas as mais diversas escolas da arte, literatura, artes cênicas, artes plásticas, visuais, música, acabo dando uma rebolada daqui outra dali, mas no fim sempre me convenço que sou bem melhor critica e planejadora do que executora. Se falar mal e fazer elogios pudesse ser arte, talvez fosse uma artista e tanto.

Acredito que tantos argumentos já tenham sido suficientes para me convencer que realmente essa idéia de fazer um blog talvez não seja a melhor, pelo menos não para mim, não agora, será?

E se a simples idéia de arrumar uma caixa de sapatos virtual onde eu possa jogar todas as minhas basbaquices, ódios, sentimentos e pensamentos seja simplesmente reconfortante? Esvaziar a minha cabeça, e encher aquela das pessoas que realmente deveriam ouvir todas essas coisas que não tenho coragem de falar para elas, seria como um soco no escuro, nada certeiro, mas, completamente satisfatório e agressivo, será?

É tem horas que a impulsividade ganha, o corpo sofre e desconfia, a razão chora e se envergonha, mas a alma relaxa e goza. Que venha a droga do blog!